
Malta é um pequeno país de 316 km2 de área e 423 mil habitantes, divididos entre as duas principais ilhas que compõem o arquipélago – a Ilha de Malta, maior e mais urbanizada, e Gozo. Uma terceira ilha, Comino, não possui população fixa, apenas trabalhadores que tomam a balsa diariamente para atender o fluxo de turistas ávidos por visitar suas maravilhas naturais e praticar o mergulho. Desde 2007, o país integra o Espaço Schengen, o que significa que cidadãos de qualquer país da União Europeia podem atravessar suas fronteiras a qualquer momento e residir livremente no país. De fato, o destino se provou extremamente popular entre os habitantes do restante da Europa, integrando, juntamente com as Ilhas Baleares, na Espanha, e os inúmeros arquipélagos gregos, o maior circuito turístico insular do Mediterrâneo para os meses de verão (julho a agosto). A temperatura média anual é de 23 °C; no mês mais quente do ano, agosto, ela vai de 28 °C a 34 °C. Já nos meses de inverno, pode-se esperar um frio moderado, com mínima de 7 °C pela noite e 12 °C pelo dia, máxima de 20 °C. Desde 2008, a moeda local é o euro, o que facilita as relações comerciais com o continente.
É um país muito seguro e altamente desenvolvido, com um IDH de 0.839, considerado muito alto e próximo ao de países da Europa ocidental, como França, Espanha e Itália. A ilha principal, Malta, dispõe de boas instituições de ensino, um desenvolvido setor de hotelaria e lazer, museus e excelentes hospitais, em conformidade com a tradição instaurada pelos fundadores da nação, os Cavaleiros Hospitalários, que da Idade Média à Renascença ofereceram o melhor serviço médico disponível em território europeu. A colonização por uma ordem religiosa ajudou a definir outro aspecto da cultura maltesa: o grande papel desempenhado pela fé católica como unificadora de suas diversas matrizes culturais, já que os cavaleiros vinham das mais variadas nações europeias. Na verdade, com a notável exceção do Vaticano, Malta é o país mais religioso da Europa. 95% da população acredita em Deus e o pequeno arquipélago conta com 365 igrejas, uma para cada dia do ano.
Para chegar lá, é preciso fazer conexão em alguma cidade europeia continental, já que não há voos diretos partindo dos aeroportos brasileiros. As opções são: conexão em Paris, com voo pela Air France; em Roma, pela Alitalia; em Madri, pela Iberia; em Zurique, pela Swiss Airlines; ou em Istambul, pela Turkish Airlines. Se você estiver em alguma outra capital europeia, confira se há voos avulsos da Air Malta disponíveis para o aeroporto Luqa-MLA. Assim, as opções aumentam bastante: pode-se embarcar em Lisboa, Berlim, Munique, Londres, Milão e muitas outras cidades.
História
Para um país tão pequeno, um paraíso ainda desconhecido de muita gente, Malta tem uma história longa e agitada. A colonização da ilha começou em 5200 a.C., quando a primeira civilização humana, a Suméria, dava ainda seus primeiros sinais de vida na Mesopotâmia, atual Iraque. A partir de 4000 a.C., os malteses começaram a construir templos pré-históricos que podem hoje ser visitados, como o complexo megalítico de Ġgantija. Muito mais tarde, chegaram os colônios fenícios, povo de grandes navegadores e comerciantes advindo da região no Oriente Médio que hoje corresponde ao Líbano. Os fenícios fundaram a primeira cidade maltesa, que chamaram de Maleth (origem do atual nome do arquipélago e hoje uma formidável cidade emuralhada chamada Mdina). A capital fenícia foi mais tarde, entre 264 e 241 a.C., tomada pelos romanos, que a embelezaram com seus templos e palácios e instalaram ali uma administração mais moderna. Com a queda do Império Romano, a partir do século V da Era Cristã a ilha foi administrada sucessivamente por diferentes povos bárbaros, como os ostrogodos e os vândalos. Finalmente, caiu nas mãos dos árabes em 827 d.C., que a transformaram em um importante ponto estratégico-militar a meio caminho entre África e Europa e deram ao arquipélago as bases de sua curiosa língua, o maltês.
Na segunda metade da Idade Média, que vai do século XI até o século XV, a Europa empreendeu diversos esforços militares contra os reinos e sultanatos muçulmanos da região do Mediterrâneo. Foi o período das Cruzadas, mas também da reconquista da Espanha pelos reinos cristãos, que durante muitos séculos haviam estado sob a administração dos mouros. Foi assim que, no século XIII, uma ordem religiosa-cavaleiresca multinacional, a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários, retomou as ilhas do domínio muçulmano e reinstaurou o cristianismo no local. As particularidades da cultura maltesa começaram a se definir neste período, sob forte influência italiana, o que fica claramente visível na belíssima arquitetura renascentista e, mais tarde, barroca das igrejas de Malta. Também a constante ameaça de um novo ataque define boa parte da paisagem urbana maltesa (mais tarde os turco otomanos tentariam retomar Malta para o Islã): as cidades são quase sempre emuralhadas, flanqueadas com fortalezas robustas e bem equipadas. Após a ascenção de Napoleão ao trono imperial da França, Malta se transformou, durante um curto período, em dependência francesa. Com a derrota do imperador em Waterloo, em 1814, acabou passando para a administração dos britânicos, que a manteriam como território da Coroa até a década de 1960.
Para os que se interessam por curiosidades linguísticas, o maltês é um prato cheio. Em razão da recolonização empreendida pelos mouros durante a Idade Média, após um período em que o declínio populacional levou o número de habitantes da ilha quase ao zero, a língua apresenta gramática e sintaxe muitos semelhantes às do árabe. Substantivos concretos mais simples, pronomes e alguns dos verbos mais usados ainda retêm grande semelhança com as línguas semíticas, como é o caso de “mãe” (omm, advindo de umm, do árabe), “fogo” (nar, exatamente como no árabe), “garoto” (tifel, ṭifl em árabe) e “ela” (hija em maltês, hiyya em árabe). Palavras mais abstratas, no entanto, vêm normalmente do italiano – como ocorre com “democracia” (demokrazija), “pessoa” (persuna) e “liberdade” (libertà). Isto ocorre porque o idioma passou a ser usado como língua comum quando a ilha foi reconquistada por europeus de diversas procedências, membros da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários. Em suma, estima-se que cerca de 50% do vocabulário língua tenha origem no italiano, 40% no árabe e 10% no inglês e no francês. Hoje, o maltês é escrito no alfabeto latino, o mesmo que o português.
Durante um século e meio, de 1814 a 1964, Malta foi também território britânico, o que justifica o status do inglês como língua co-oficial na ilha. 75% dos malteses falam inglês fluentemente, o que facilita enormemente a comunicação com os turistas. Por este motivo, muitos jovens escolhem Malta como destino de intercâmbio visando o aprendizado da língua, já que os custos diários, de hospedagem e com escolas no país são muito inferiores aos do Reino Unido ou dos Estados Unidos. Graças ao intenso intercâmbio cultural e à proximidade geográfica com a península itálica, cerca de metade da população também fala italiano.
Hospedagem
Malta é um grande destino de viagem que conta com uma indústria hoteleira altamente sofisticada, dispondo de um grande número de hotéis excelentes espalhados pelas duas principais ilhas do arquipélago. Sendo assim, é difícil elaborar uma lista exaustiva. Alguns são altamente luxuosos, como o cinco estrelas InterContinental Malta, em St. Julian, voltado para a belíssima Baía de St. George, que dispõe de academia, piscinas, praia particular, oito restaurantes e três bares. Também na movimentada St. Julian’s está o Westin Dragonara Resort, outro cinco estrelas que conta com atrativos similares. Na parte mais central da ilha há o hotel e spa Corinthia Palace Hotel, assim como o Xara Palace, na cidade histórica de Mdina, local sossegado próximo dos maiores patrimônios histórico-culturais do país. Grandes redes como Le Méridien e Hilton também marcam presença na ilha. É importante lembrar que as tomadas de Malta são 220 volts e utilizam o modelo britânico, com três saídas retangulares em disposição triangular. Adaptadores são, portanto, necessários para utilizar equipamentos brasileiros.

Quem deseja economizar dinheiro com hospedagem pode escolher ficar em um hostel, que segue o típico e tradicional modelo europeu: acomodações coletivas em beliches ou quartos individuais por preços um pouco melhores do que os oferecidos pelos hotéis mais econômicos. Esta é uma boa opção para quem estiver interessado em conhecer visitantes de todo o mundo e fazer amizades. Se quiser ficar no coração histórico da Ilha de Malta, Valeta conta com o Palazzo Sant’Ursula, instalado em um palácio do século XVI próximo ao porto. Em Sliema, cidade vizinha do outro lado da baía, há o Granny’s Inn Hostel, o Corner Hostel Malta, o Hotel Jones, o Hostel 94 e o NSTS Hibernia Residence and Hostel. A meia hora de caminhada dali, na cidade de St. Julian’s, centro da vida noturna e da agitação na ilha, há o Boho Hostel, o Marco Polo Hostel e o Hostel Malti, que conta com amenidades como churrasqueira e jacuzzi. Quem preferir ficar no sossego da Ilha de Gozo pode se hospedar no Santa Martha Hostel.
Transporte

Malta não tem metrô ou trens metropolitanos, o que significa que o transporte é feito majoritariamente por meio de ônibus e táxis. Uma boa opção, tendo em vista a facilidade de dirigir pelas estradas do país e a sinalização em inglês, é alugar um carro. Afinal de contas, para atravessar toda a Ilha de Malta de carro, do vilarejo de Cirkewwa no extremo norte até a cidade portuária de Marsaxlokk, no extremo sul, não se leva mais do que uma hora. Empresas como Hertz, AVIS, Budget e Goldcar possuem guichês facilmente localizáveis no aeroporto que oferecem o serviço a preços que oscilam em torno dos € 20 por dia, a depender da época do ano, do veículo escolhido e do período de aluguel.
Restaurantes & Culinária
Com uma história tão cosmopolita, não é de se surpreender que a culinária maltesa incorpore ingredientes típicos e reflita características e técnicas advindas de várias outras culturas alimentares da região. De fato, é possível encontrar elementos italianos (mais especificamente sicilianos), ingleses, espanhóis, árabes magrebinos e franceses provençais. O prato nacional é o suffat tal-fenek, um ensopado de coelho ao vinho tinto acompanhado de batatas e cenouras. A influência siciliano-italiana é visível nos vários preparos de massas que compõem o típico cardápio maltês. Timpana é uma espécie de lasanha recheada com macarrão (penne, rigattoni ou fusilli), pedacinhos de carne cortados bem pequenos e um gratinado à base de ovos e queijo. Já o froġa tat-tarja é um omelete feito com pasta vermicelli e ingredientes variados. Os pastizzi são salgados folhados recheados com ervilhas, queijo ou outros ingredientes. As influências francesas são bem representadas pelas várias sopas e ensopados, como a aljotta, um ensopado de peixe com ervas e molho de tomate, adaptação da bouillabaisse da Provença. Apesar do tamanho diminuto da república maltesa, há algum grau de variação culinária de região para região. Um exemplo é a ftira Għawdxija, uma espécie de grande esfiha aberta ou fechada recheada com o típico queijo de cabra ou de ovelha da ilha de Gozo, além de ovos, tomates, azeitonas, linguiça e outros ingredientes. Como sobremesa, vale a pena experimentar os imqarret, recheado com tâmaras.
Embora seja um país pequeno com um clima mais árido e severo do que o encontrado em outras regiões do Mediterrâneo, Malta conta com uma pequena mas excelente produção de vinhos, cuja tradição remonta à presença dos colonizadores fenícios na Antiguidade. Ao longo da maior parte do século XX, no entanto, a produção maltesa não almejava muito mais do que a satisfação do pequeno mercado doméstico. O panorama mudou a partir do final da década de 70, quando vinícolas locais pequenas mas já bastante tradicionais, como a Emmanuel Delicata, passaram a exportar pequenas remessas para o continente europeu (a superfície cultivável restrita da ilha provavelmente nunca permitirá o desenvolvimento de uma indústria muito robusta). Não se deixe enganar: embora produzido em pequenas quantidades, o vinho maltês é de excelente qualidade.
Além das diversas uvas internacionais cultivadas no país – Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Grenache, Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Moscato, Chardonnay e Carignan – há duas variedades nativas, que só podem ser encontradas em Malta – Gellewza e Ghirgentina –, e se ainda hoje é possível experimentar o vinho produzido a partir delas nas cantinas de Valeta, isto se deve ao trabalho de preservação da mais tradicional vinícola maltesa ainda ativa, a Emmanuel Delicata, que trabalhou duramente para evitar sua extinção. Se quiser experimentar este produto maltês único, tente o premiado Marsovin 1919, produzido com variedades tintas da uva Gellewza. Também muito apreciado é o tradicional Chardonnay maltês Meridian’s Isis, suave e levemente cítrico, cuja vinícola, a Meridiana, produz ainda o localmente prestigiado Fenici Red, um blend de Merlot e Syrah. Outra vinícola muito popular entre os malteses é a CassarCamilleri. Em agosto, é possível visitar o festival de vinhos Delicata Classic Wine Festival, na capital Valeta.
Se quiser experimentar as delícias da culinária maltesa, vá ao Rampila, em Valeta, ou ao Il Mithna, em Mellieha. São restaurantes sofisticados que oferecem pratos típicos do país, além de contarem com uma carta de vinhos ampla, que inclui produtos malteses e internacionais. Para comer frutos do mar, outra grande especialidade maltesa, o Caviar & Bull, em St. Julian’s, o Rebekah’s, em Mellieha, e o Tarragon, em St. Paul’s Bay, são excelentes opções. Quem quiser uma experiência surreal combinada com o melhor da alta gastronomia pode escolher o Dinner In the Sky, em que os clientes são acomodados em mesas alçadas por guindastes a uma grande altura, de onde se tem uma vista inacreditável de toda a região portuária de Valeta e das cidades adjacentes. Opções mais baratas mas igualmente deliciosas são o The Submarine e o Piadina Caffe, em Valeta, além dos diversos pubs ingleses e irlandeses da região de St. Julian’s.
Bares e Entretenimento
A vida noturna de Malta se concentra principalmente em Paceville, bairro de St. Julian’s, cidade que faz parte da conurbação ao redor da capital Valeta. As casas noturnas e bares de Malta normalmente não cobram entrada, o que faz com que seja possível percorrer várias delas até encontrar aquela que mais lhe agrada. O Qube é um vodka bar localizado na Paceville Main Staircase, a famosa escadaria da cidade, e que oferece uma grande seleção de drinks à base de vodka. Já o BarCelona Lounge, localizado na Wilga Street, é um bar que, nos fins de semana, transforma-se em balada a partir das 22h, contando tanto com música eletrônica quanto com performances ao vivo. O local é frequentado principalmente por jovens bem vestidos na casa dos vinte e pouco anos. No Hugo’s Lounge é possível experimentar o melhor da cozinha asiática ao som de música eletrônica em uma relaxante atmosfera pré-balada. As baladas mais procuradas de St. Julian’s são Plush, Footlose e Hugo’s Passion, todas com entrada gratuita. O Café del Mar, em Bugibba, St. Paul’s Bay, é uma casa com balada vespertina e restaurante de onde é possível apreciar uma esplêndida vista para o mar. Os pontos negativos são que a balada infelizmente fecha cedo (por volta das 22h) e só abre na alta temporada. Bugibba também conta com muitos pubs e uma cena de rock ‘n’ roll incipiente, mas muito interessante, apresentando-se como uma ótima alternativa para quem não é lá grande fã de música eletrônica.
Atrações Turísticas

A famosa Co-Catedral de São João, em Valeta, foi construída entre 1572 e 1577, quando o arquipélago era ainda governado pela Ordem de São João, também chamada Ordem dos Cavaleiros de Malta, entre 1530 a 1798. Em estilo barroco, foi desenhada para rivalizar com as grandes catedrais italianas da época. No início, seu interior era bem mais modesto e o templo não havia ainda recebido o título de catedral (isto é, não era a sede do arcebispado de Malta). Contudo, os esforços dos cavaleiros para o embelezamento de sua igreja foi tão grande que, eventualmente, ficou claro que sua exuberância superava até mesmo a do templo mais importante do arquipélago, a Catedral de São Paulo em Mdina. Desta forma, foi finalmente alçada, durante a ocupação francesa, à categoria de co-catedral. Sua decoração interior exuberante, repleta de ouro e de obras de arte barrocas – incluindo as famosas telas de Caravaggio “Decapitação de João Batista” e “São Jerônimo Escrevendo” – é com justiça considerada uma das mais belas de toda a Europa.
Seguindo em linha reta pela movimentada Triq Ir-Repubblika, a principal via comercial de Valeta – repleta de restaurantes, cafés e lojinhas de souvenirs –, chega-se ao ponto extremo da península onde a cidade está localizada. Lá se encontra o Forte de San Telmo (chamado Fort Saint Elmo, em inglês, e Forti Sant’Iermu, em maltês), historicamente importante pelo papel desempenhado quando da tentativa de invasão do arquipélago por parte do Império Otomano, em 1565. Ali está instalado o National War Museum (Museu Nacional da Guerra), que trata do período abrangido pelas duas Guerras Mundiais, quando Malta estava sob domínio britânico e representava um ponto estratégico no Mediterrâneo. A exibição inclui armas, veículos, uniformes, equipamentos, bateria antiaérea e veículos militares.

Em razão de sua posição geográfica na periferia do mundo cristão, da constante ameaça histórica de uma invasão muçulmana e da colonização por uma ordem religiosa, Malta é um país que faz questão de reafirmar a todo momento seu legado católico. Por isso, é possível visitar várias outras igrejas e templos com histórias interessantíssimas, como a pequena Igreja do Naufrágio de São Paulo. O santo é considerado padroeiro do arquipélago, já que durante sua viagem a Roma, conforme descrito no Novo Testamento, seu navio naufragou na costa de Malta, levando-o a permanecer no local por algum tempo. No dia de São Pedro e São Paulo, 29 de junho, é possível assistir a uma procissão que sai da igreja e exibe relíquias como os ossos carpais (do pulso) de São Paulo e pedaços da coluna de San Palo alle tre Fontane, onde o santo foi decapitado em Roma. Concluindo o circuito turístico histórico nas ilhas, pode-se visitar a exposição Knight Hospitallers, no Mediterranean Conference Center, localizado a poucos metros do forte no edifício antes chamado Sacra Infermeria, um hospital fundado pelos cavaleiros que oferecia os melhores serviços médicos disponíveis na Europa. Lá se mostra como era o dia-a-dia dos cavaleiros através de estátuas de cera que reconstróem cenas típicas da vida maltesa dos séculos XVI e XVII.
Não muito longe dali estão localizados os dois jardins Lower Barrakka Gardens e Upper Barrakka Gardens, este último um local excelente para ver o pôr-do-sol, de onde se tem uma vista privilegiada da região portuária de Valeta e das cidades adjacentes. Na sequência, após uma caminhada de cerca de vinte minutos, chega-se até o Valletta Waterfront, onde é possível desfrutar da excelente gastronomia maltesa e fazer compras.
Em Paola, cidade a cerca de vinte minutos de carro da capital Valeta, é possível encontrar o Hypogeum de Ħal-Saflieni, um complexo subterrâneo do período de Saflieni (3300 a 3000 a.C.) da pré-história maltesa. Construído originalmente como um santuário, mas mais tarde transformado em uma necrópole – ou seja, uma espécie de cemitério subterrâneo –, o local conta com três andares e inúmeras câmaras e corredores que podem ser visitados por turistas. Mais de sete mil esqueletos já foram encontrados neste local sagrado para os nativos pré-históricos. O segundo piso conta com uma grande câmara de onde vários artefatos primitivos foram extraídos, podendo hoje ser vistos no Museu Nacional de Arqueologia de Valeta. Além disso, há uma sala oracular, com impressionante acústica que amplificava a voz do oráculo durante suas previsões, bem como um serpentário, onde diversas cobras eram mantidas por razões até hoje desconhecidas. Apenas oitenta visitantes são permitidos por dia, de modo que é importante realizar uma reserva com antecedência para garantir a entrada no local.

A cerca de vinte minutos de carro de Paola (sim, na ilha de Malta tudo está sempre muito próximo), chegamos a Mdina, cidade fundada na Antiguidade pelos colonizadores fenícios da ilha e mais tarde ocupada pelo Império Romano, para o qual serviu como centro administrativo do arquipélago. Com a chegada dos Cavaleiros Hospitalários, o antigo centro administrativo perdeu importância, passando a ser chamado de “cidade silenciosa” e vendo sua população, antes a maior da ilha, ser reduzida até as poucas centenas, cenário que se mantém até hoje. Ainda assim, suas muralhas fortificadas, com o belo portão de entrada em estilo barroco e a Torre dello Standardo, bem como a já mencionada Catedral de São Paulo, compõem uma vista impressionante. Também é interessante visitar o Mdina Glass, onde é possível adqurir peças de vidro belíssimas semelhantes ao murano italiano, mas por um preço bem mais em conta. A meio caminho entre Mdina e Rabat, outra cidade medieval que se pode visitar na ilha, está a Domvs Romana, onde é possível visitar as ruínas do palácio romano e o museu adjacente.

Seguindo no sentido norte, chega-se ao município de Mellieħa, conhecido por abrigar as melhores praias da ilha de Malta. Boa parte da costa da ilha é formada por pedras, o que faz com que esta região privilegiada onde belas praias de areia branca ou rosada e água azul turquesa se destaque. A pequena vila de Manikata, subúrbio de Mellieħa, é um local onde três pequenas baías dão forma a algumas das áreas de banho mais queridas pelos turistas. Ali, a praia mais famosa é certamente a Golden Bay, onde há um resort e vários clubes, embora Għajn Tuffieħa, mais visitada pelos próprios malteses, também chame a atenção por sua beleza. Seguindo no sentido sul a partir de Għajn Tuffieħa, é possível subir uma encosta a pé e chegar até Ġnejna Bay, praia onde se pratica o nudismo. A mais popular e visitada das praias da região, no entanto, é a de Mellieħa Bay, localizada na outra costa da ilha, mas a não mais do que dez minutos de distância de carro. Trata-se de um dos pontos mais visitados de toda a ilha de Malta, onde está localizado um centro urbano desenvolvido com cafés, restaurantes e bares. Ainda na seção norte da ilha, no mesmo município de Mellieħa, está a Popeye Village, construída como cenário para o filme da Walt Disney Pictures “Popeye”, de 1980, com Robbin Williams no papel principal. Um bom destino para visitar com crianças, o pitoresco vilarejo conta com espetáculos teatrais protagonizados pelos personagens do desenho animado.
Já na porção sul da ilha está localizada Marsaxlokk, uma charmosa aldeia de pescadores de cerca de 3500 habitantes onde também é possível se banhar no mar, além de visitar feiras locais de artesanato e de souvenirs. Nesta região, a St. Peter’s Pool é a praia mais procurada. Ainda no sul da ilha estão os sítios arqueológicos de Ħaġar Qim e Mnajdra.
Na ilha de Gozo, a segunda maior do arquipélago, há uma série de outras atrações interessantíssimas. Saindo de Cirkewwa, no norte da ilha de Malta, pode-se tomar a balsa até Mgarr, em Gozo, de carro ou a pé. Os preços são € 15,70 para atravessar de carro ou € 4,65 a pé. Comparada à ilha de Malta, Gozo é mais rural, sendo caracterizada por suas colinas rochosas e amplos descampados. Gozo é identificada com a mítica ilha de Ogígia, descrita na “Odisseia”, o poema épico grego de Homero em que o herói Odisseu tenta encontrar o caminho de volta para casa após lutar na Guerra de Troia. Segundo o mito homérico, lá viveu a ninfa Calipso, que se apaixonou pelo herói e o manteve prisioneiro durante sete anos, até que o deus Hermes lhe fosse enviado como mensageiro de Zeus, com ordens expressas de que o libertasse. A ilha é considerada um dos melhores lugares para se praticar mergulho e snorkeling da Europa, podendo o visitante apreciar barreiras de corais e uma vida marinha muito diversificada.

A Inland Sea, uma lagoa de água salgada ligada ao Mediterrâneo por meio de túneis subterrâneos, proporciona uma opção segura e interessante para os que querem se iniciar na prática do mergulho. O Blue Hole, também na costa oeste da ilha, é um excelente local de mergulho onde é possível se aproximar de barreiras de corais, diversas espécies de peixes e animais marinhos e até mesmo embarcações naufragadas. É lá que está localizada a famosa Azure Window, um magnífico arco rochoso natural que se projeta sobre o mar e emoldura o azul do céu mediterrânico. As melhores praias de areia branca ou vermelha para tomar sol ou simplesmente se banhar no mar, no entanto, estão na costa leste: Ramla l-Hamra, San Blas Bay, Dahlet Qorrot e Hondoq ir-Rummien oferecem paisagens paradisíacas e todas as amenidades necessárias para uma experiência confortável e relaxante.
A capital da ilha, Victoria, está repleta de igrejas e capelas em estilo barroco italiano exuberantes, assim como todo o restante da fervorosamente católica Malta. Um exemplo é a bela Basílica de São Jorge. Mas o que mais chama a atenção na cidade é seguramente a Cittadella, um complexo arquitetônico fortificado ocupado desde a pré-história, onde há resquícios da presença de fenícios e romanos. Os que se interessam pela pré-história podem visitar ainda os Templos de Ġgantija, os mais antigos de Malta, construídos há mais ou menos 5600 anos. Há um pequeno museu que explica a relevância arqueológica do complexo e o ingresso custa € 9. Por fim, a mesma balsa que conduz passageiros até Gozo também pode levá-los à pequena ilha de Comino, no meio do caminho. Lá está localizada a Blue Lagoon Bay, destino popular entre mergulhadores reconhecível por suas águas cristalinas.

Créditos
- “Marsaxlokk Harbour”, por Frank Vincentz, licenciado sob CC BY 3.0
- “Façade du temple principal de Hagar Qim”, por Hamelin de Guettelet, licenciado sob CC BY 3.0
- “St. Peter’s Pool”, por Frank Vincentz, licenciado sob CC BY 3.0
- “Saint Peter’s Pool, Marsaxlokk”, por Cruccone, licenciado sob CC BY 3.0
- “Malta: Gozo, Azure Window”, por Berit Watkin, licenciado sob CC BY 3.0
- “Mgarr Port, Gozo”, por Florival fr, licenciado sob CC BY 3.0
- “Street in Mdina”, por Infinite Ache, licenciado sob CC BY 2.0
- “Citadel in Victoria”, por Petr Pelikan, licenciado sob CC BY 4.0
- “Sacrificial altars in Ggantija Temples”, por BoneA, licenciado sob CC BY 4.0
- “Interior of St. George’s Basilica in Victoria”, por Karelj, licenciado sob CC BY 3.0
- “St. George’s Basilica, Victoria, Gozo, Malta”, por Shepard4711, licenciado sob CC BY 3.0
- “St. John’s Co-Cathedral”, por Radoneme, licenciado sob CC BY 3.0
- “Valletta, Malta”, por Leandro Neumann Ciuffo, licenciado sob CC BY 2.0
- “Kanzel der St. John’s Co-Cathedral”, por A. Ocram, licenciado sob CC BY 3.0
- “La co-cathédrale St. Jean (La Valette, Malte)”, por Jean-Pierre Dalbéra, licenciado sob CC BY 3.0
- “Carnival in Valletta”, por Ronny Siegel, licenciado sob CC BY 3.0
- “Fort Saint Elmo”, por GFDL, licenciado sob CC BY 3.0
- “Main altar of Saint Paul’s Shipwreck in Valletta”, por Marie-Lan Nguyen, licenciado sob CC BY 2.5
- “Cottonera view from Valletta”, por Hendrik Scholz, licenciado sob CC BY 3.0
- “Upper Barakka Gardens, Valletta”, por Andrea Puggioni, licenciado sob CC BY 3.0
- “Hypogée Hal Salfieni”, por Hamelin de Guettelet, licenciado sob CC BY 3.0
- “7th century BC pottery in the Malta National Museum of Archaeology”, por Stefan Bellini, licenciado sob CC BY 1.0
- “Dining in the Sky”, por xlibber, licenciado sob CC BY 2.0
- “La Valette Maltese Wine”, por Mike Russell, licenciado sob CC BY 3.0
- “Valletta”, por Oren Rozen, licenciado sob CC BY 4.0
- “Malta Bus”, por Felix O., licenciado sob CC BY 2.0
- “Rabbit pan fried and braised with wine and garlic”, por Chattacha, licenciado sob CC BY 3.0
- “Aerial view of the city of Mdina”, por R. Muscat, licenciado sob CC BY 2.0
- “Pastizzi”, por Chattacha, licenciado sob CC BY 3.0
- “Timpana”, por Inkwina, licenciado sob CC BY 3.0
- “Narrow Street, Mdina, Malta”, por John Haslam, licenciado sob CC BY 3.0
- “Interior of St. Paul’s Cathedral”, por Mstyslav Chernov, licenciado sob CC BY 3.0
- “St. Paul’s Cathedral in Mdina”, por Stefan Bellini, licenciado sob CC BY 1.0
- “Popeye Village – Anchor Bay, Mellieha, Malta”, por Giorgio Galeotti, licenciado sob CC BY 4.0
- “View of Mellieha Bay from west side of town Mellieha, Malta”, por Karelj, licenciado sob CC BY 3.0
- “Golden Bay, Mellieha, Malta”, por Robert Pittman, licenciado sob CC BY 3.0
- “Popeye Village – Malta”, por Tobias Scheck, licenciado sob CC BY 3.0
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